A campanha publicitária se arrasta desde o início do ano. Propostas foram colocadas em debate, o otimismo colocado à prova. Antes mesmo de o embate começar, o povo já sabia quais seriam os discursos dos 20 candidatos. Poucos são os que se pautaram pela verdade, tampouco levaram em conta as conjunturas políticas e estruturais vigentes no País. Um a um, cada um deles teve tempo de sobra para apresentar planos de governo ao menos verossímeis e, no decorrer da competição, ficou claro que apenas um punhado de bandeiras conseguiu manter o discurso lançado no final de abril. Agora, com menos de dois meses para o término do pleito, não resta mais dúvidas sobre quem realmente merece levar os votos do povo brasileiro.
Virtual eleito pelo segundo ano consecutivo, o Cruzeiro parece estar à margem dos demais concorrentes. Com gestão séria e transparente, a Raposa fez do Campeonato Brasileiro um inofensivo galinheiro de possibilidades. Está tão à frente dos demais que se permite até cometer um ou outro deslize e, ainda assim, seguir firme e regular em sua campanha. Embora esteja longe da perfeição (o fracasso na Libertadores é a prova disso), a equipe mineira nada de braçada diante da concorrência porque não cai na tentação reformista e imediatista dos adversários. Adapta e corrige falhas sem esquecer a base ideológica pela qual tem se pautado. Manteve seus funcionários mais aplicados, contratou peças para expandir o mercado e traçou metas a médio e longo prazo — afastando o elenco de qualquer divergência surgida nos bastidores.
A Raposa honrou seus compromissos e merece o voto até da concorrência. Com um campeonato tão fraco tecnicamente, com clubes à beira da falência e modelos de gestão há muito fora de parâmetro, o que fazem os mineiros deveria ser aplaudido e copiado pelos demais. Até mesmo se uma reviravolta acontecer e o Cruzeiro deixar escapar o título (o que aposto ser impossível), o trabalho feito até agora não poderá ser colocado em dúvida.
O Brasileirão tem sido chato e fantasioso como as eleições. A diferença é que sabemos exatamente onde encontrar, ao menos, uma fagulha de esperança. Sem a Raposa, o campeonato é apenas um debate sem sentido entre candidatos mal preparados e torcedores cegos e fanáticos por uma causa perdida.